Criptomania: um ano depois

Um ano atrás publiquei post intitulado “Criptomania“. Na altura, fiz comparação com a euforia da Tulipamania, em que, no século XVII, o preço das tulipas atingiu preços irrealistas. Quase 400 anos depois, estas flores nunca voltaram a ter equivalente valorização. Mas continuam a ter valor intrínseco no mercado, apesar de mais baixo.

Hoje, a “criptomoeda” Bitcoin está a ser vendida a preço 75% inferior ao do ano passado. Muitos ainda acreditam que poderá voltar a ser transaccionada acima do pico do valor de Novembro de 2021. Apesar da tecnologia “blockchain” ter potencial para várias aplicações práticas (e ainda hoje a flor da tulipa é apreciada), o seu valor como “moeda” provavelmente não terá grande futuro. No entanto, as expectativas da maioria dos investidores em criptomoedas não era tanto o seu potencial prático, mas, sim, a promessa de rápido enriquecimento. Aconteceu para alguns, os que venderam. Outros, se ainda as mantém nas suas carteiras, poderão ter perdas astronómicas.

Vejamos o exemplo relatado há cerca de 6 meses atrás, em que foi efectuada a primeira venda de imóvel na Europa com pagamento em bitcoin. Se o vendedor do apartamento manteve os fundos recebidos na mesma criptomoeda (jornalistas bem que podiam revisitar esta história), a perda em euros, à cotação actual, é superior a 50% (53,61%, para ser mais exacto). Ficou a ganhar o comprador, que trocou as bitcoin por um activo real (o apartamento).

Segundo o site CoinMarketCap, a “criptomoeda” Bitcoin perdeu, em um ano, 887 biliões de dólares (escala curta) em valor de mercado. Cerca de 3 vezes a dívida pública portuguesa (em Outubro: 279 biliões de euros). A criptomania, nos livros da história das “bolhas” especulativas, vai provavelmente juntar-se à das tulipas. Infelizmente, em quatro séculos, a natureza humana não mudou assim tanto.

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