Carta à Ministra das Finanças

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Exma Sra Doutora Ministra das Finanças Mariana Mortágua, dado que pelo cheiro VExa aparenta ter abandonado os cueiros há pouco, e o filho que tenho já ser suficientemente crescido para que me tenha esquecido como se explicam as coisas às crianças, não sei bem como lhe começar a explicar as particularidades da vida das pessoas normais. Mas tentarei e faço-o com a melhor das intenções. Creia que quero ajudá-la.

Sabe, alguns de nós na minha geração e mais velhos, por vicissitudes da realidade, tivemos que começar a trabalhar muito jovens ainda (no meu caso aos 11 anos). Aprendemos desde cedo a virtude do esforço e da poupança, aprendemos a adiar prazeres e a ter uma perspectiva de vida. Aprendemos que não seríamos sempre jovens e um dia iríamos precisar de algum suporte que só nós mesmos, com esforço, inteligência e foco no futuro poderíamos garantir. Depois fomos pais e esse foco cresceu, a nossa esperança de vida aumentou e o futuro prolongou-se. Creio que quando formos avós estas coisas tornar-se-ão ainda mais importantes.

Cara Doutora Ministra das Finanças, VExa diz que têm que “perder a vergonha de ir buscar a quem acumula dinheiro”. Não sei o que o senhor seu pai lhe terá ensinado. A viver à custa de outrem? A aproveitar-se do esforço alheio? A fazer tábua rasa da vida de pessoas que não conhece e para cujo bem estar nunca contribuiu? Se o fez, lamento informá-la mas isso tem um nome e não é bonito.

Repare: não ando há décadas a trabalhar com honestidade e rigor para que VExa e os infelizes que a aplaudem venham após todo este tempo tirar-me o que me custou sangue, suor e lágrimas a acumular; não ando há décadas a fazer das tripas coração para que VExa e respectivo séquito me roubem o que já foi várias vezes tributado para a sustentar a si e a outros semelhantes. Note que se a Sra Doutora Ministra das Finanças algum dia provar o que eu e muitos outros provamos há décadas, terei todo o gosto em ganhar respeito pelas suas opiniões, até lá, perdoe mas oiço-a como ouvia o meu filho quando ele acabava de molhar a fralda. Somada alguma irritação que ele, pelo amor que lhe tenho, não me provocava, evidentemente.

 

Com cordialidade

 

Helder Ferreira, Profissão: desgraçado.

12 pensamentos sobre “Carta à Ministra das Finanças

  1. Filipe

    Doi um pouco saber que as propriedades não são minhas, são do estado, eu pago renda por elas, IMI e se for alugada 28% do rendimento.

    Compro mas é um monte em África e pago nada, só dá parvos.

  2. Muita gente confunde Impostos sobre a propriedade(IMI) com impostos (irs/irc) sobre eventual rendimento das propriedades (renda). Os primeiros são um abuso do estado pois é confisco de valor acumulado que já pagou todos os impostos devidos anteriormente .
    Considero estes impostos próprios de uma cleptocracia . Estão a ser apresentados pelo governo socialista/comunista stalinista/comunista trotskista ,demagogicamente, como justos e em defesa dos pobrezinhos . Ora estas medidas vão criar menos investimento , menos actividade economica , menos trabalho e consequentemente mais pobreza.

  3. Não foi o pai desta senhora que andou a gamar bancos? A tipa habituou-se desde pequenina a viver à custa dos outros…. que se há de fazer? Justiça também não existe. Que país este….

  4. A.R

    Excelente. Não sabem que todos os bens a que têm acesso foi de gente que arriscou mais que a Sra Mortágua: estar sentadinha e receber o salário certo e generoso ao fim do mês, quer chova quer faça sol, é muito catita.

    Dispor do que é dos outros é sempre o sonho desta gente que apoiava Chavez e companhia.

    Mas esse salário vem de quem não tem a vida santa de que ela disfruta.Se fizessem a vida dela a Sra vivia numa caverna.

  5. Revoltado

    Capítulos de como transformar o seu país num estado falhado do tipo Venezuela:
    1) Coloque as forças da ordem do lado do governo (GNR, militares, psp, etc, passam a reformar-se 6 anos antes da idade da reforma dos demais trabalhadores, com retro-activos)
    2) Implemente impostos que afastam do seu país o capital estrangeiro dando a ilusão de haver re-distribuição de riqueza para as classes mais pobres
    3) Tenha umas caras larocas para falar na tv (Mortágua)
    4) Tenha sempre à mão um bode expiatório (Centeno)

  6. Caro Helder, a carta está fantástica, porém, parece ter sido ditada pela líder do maior partido da oposição. Falo naturalmente da Dra. Maria Luís…

  7. Tenho setenta e cinco anos e acreditei neste país. Agora a qualidade dos nossos políticos é má. Pior que no tempo da ditadura. Sem investimento, com as exportações a diminuir e com políticos como esta senhora ministra das finanças o nosso futuro vai ser muito mau.
    Labutei durante cinquenta anos para agora ver esta gente desgraçar o nosso Portugal. Os meus filhos e netos vão pagar, sem terem culpa nenhuma, as atrocidades que têm vindo a ser feitas a este país.

  8. Infelizmente, como sempre, os políticos falam para o povo e não sofrem consequências pelo que dizem e prometem, também os comentadores ou comentadeiros, não são punidos pelo mesmo facto. E que quero eu dizer com isto?
    É evidente que há gente que “acumulou dinheiro” e gente que “fez poupanças”.
    Há uma grande diferença entre as duas coisas,
    1. Uns “esfolaram infelizes, roubaram e usurparam dinheiros alheios e constituíram fortunas insultuosas que merecem não só ser tributadas como, em alguns casos, julgadas e criminalizadas.
    2. Outros com muito trabalho. esforço e respeito pelas regras e, em muitos casos promotores de justiça social, fizeram poupanças que são legitimas e até louváveis, embora ache que este tipo de situação raramente se aplica a fortunas incomensuráveis e escandalosas.
    Taxar, caçar e até levar à justiça os “ricos” que se enquadram no 1.ª caso é um ato de boa gestão. Já no segundo caso será imoral. Espero que aquilo que vai na cabeça desta Senhora seja fazer uma distinção e não cortar a direito, caso contrário, o caldo pode entornar e a injustiça trazer danos irreparáveis à economia e a coesão social.

  9. Sra. Ministra.

    Herdei uma casa cujo valor ascende a meio milhão de Euros e da qual luto dia a dia para poder pagar o IMI.
    Estará Vossa Exa. Interessada em comprar a mesma pelo valor que me tributam “sugam”, e agora ainda mais querem “sugar”.
    Se estiver interessada ou conheça alguém que esteja disposto a comprar… é toda sua. Porque só assim é que poderei dizer que fiquei remediadamente rico. Entretanto e até a vender, se algum dia conseguir, vou ter que “roubar” ao orçamento que tenho para viver a vida ainda com alguma dignidade, para poder pagar os impostos que me caíram do céu. É claro que se não pagar, o estado trata de os cobrar de qualquer forma.
    Os ladrões de colarinho branco da extrema esquerda.
    Não falta muito para nos tornarmos numa Venezuela!!

  10. Pingback: 19.000 – O Insurgente

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